Coluna Digital - Rômulo Vargas
sábado, 21 de setembro de 2013
Marina a Rede furou
A Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, ao que
tudo indica não deve ser registrada a tempo, para que a ex-ministra possa
concorrer ao Planalto em 2014. O prazo se esgota no dia 5 de outubro, ou seja
daqui a 14 dias, e pode frustrar o sonho de Marina que não deve registrar em
tempo as quase 500 mil assinaturas necessárias para a constituição da nova sigla.
Marina que surpreendeu nas eleições de 2010 chegando em
terceiro lugar, com um discurso de “boa moça”, defensora do meio ambiente e dos
costumes cristãos, encontra-se hoje em segundo lugar nas pesquisas de intenção,
é a candidata que agrada a classe média elitista, e parcela da direita que já
não consegue encontrar no PSDB um nome competitivo.
A ex-senadora que já foi do PT, do PV e agora tenta emplacar
a tal Rede Sustentabilidade já avalia até a possibilidade de creditar uma
quarta sigla a seu currículo. Como o prazo é curto, e manobras como aceitar
dinheiro de banqueiros (pratica que a ex-senadora criticava duramente) como a
herdeira do Itaú a bilionária Neca
Setúbal, ou o dono da Natura Guilherme
Leal com fortuna estimada em R$ 1,6 bi. Ou pior, se abraçar a Marco Feliciano,
na tentativa de alcançar o apoio dos evangélicos mais fanáticos e tentar traze-los
para a Rede.
Mas algumas perguntas que ficam, e serão respondidas nas
próximas duas semanas: Marina Silva, com seu desejo insaciável de concorrer à
presidência no ano que vem, e irá leva-la mesmo a procurar uma quarta sigla
partidária e assim frustrar definitivamente a confiança de todos aqueles que
assinaram ficha na Rede Sustentabilidade? Será tamanho o ego da ex-senadora? Se
for, qual a sigla aceitará Marina, que não aceita dividir holofotes com
qualquer que seja o companheiro de partido?
Marina a Rede furou, pra onde você correrá?
Rômulo Vargas
21.09.13
Mais Médicos, Cuba, socialismo e embargos.
É desumano o que se vem acompanhando sobre o ingresso de
profissionais cubanos, que trabalharão como médicos em regiões longínquas do
Brasil. Para compreender bem o Programa Mais Médicos do Governo Federal, é
preciso se debruçar um pouco mais sobre ele, e também sobre o sistema de
governo da ilha.
Não podemos negar que faltam
muitos profissionais da medicina em nosso país, e faltam ainda mais nas regiões
mais inóspitas do país. Não podemos negar que há um conselho de medicina que
restringe a abertura de novos cursos e novas universidades, o mesmo conselho
que vem agora rechaçar a vinda de médicos do exterior. É sim do exterior, eles
não vem apenas de Cuba. Analisando a fundo este é um grande passo para o nosso
sistema de saúde. Grande não apensa por trazer para cá mais profissionais que
estão dispostos a ir aos mais distantes grotões, favelas e florestas que este
continental país apresenta. Grande pois são médicos, e ai me refiro aos
formados em Cuba, dedicados a atender essa população que os nossos
profissionais nativos rejeitaram.
Precisamos entender ademais
outro ponto importante e que referenda ainda mais os doutores da ilha
caribenha. Como Cuba é uma ilha socialista, livre do privado, e que não coloca o
capital em primeiro lugar, temos toda uma estrutura governamental, acadêmica, e
profissional diferente da que conhecemos aqui. Cuba forma profissionais para
atender ao povo pobre, para ir aos bairros, as favelas, aos confins. Forma
profissional para ir às casas, para sentar a mesa, pra atender gente e ser
gente. Forma profissionais preparados para trabalhar pelo estado, para a
população, não para estabelecerem consultórios particulares e enriquecerem a
custa da saúde alheia.
Ainda há que se analisar outra
questão importante. O sistema de saúde cubano, um dos melhores do mundo,
preocupa-se prioritariamente com o atendimento preventivo. Diferentemente do
que conhecemos os médicos cubanos são preparados para tratar as complicações
com tratamentos definitivos, e não como na sociedade capitalista que se
preocupa em cuidar dos sintomas, abranda-los e medica-los, para que o paciente
volte a ter que consumir medicamentos, ou então tenha que retornar aos
consultórios para tratar o mesmo problema ou um novo originário do tratamento
que foi aplicado para tratar o primeiro. Ora, a indústria farmacêutica não pode
quebrar, ela precisa sempre de novos e novos pacientes. Assim como os médicos
para manterem seus consultórios particulares e assim seus status na alta sociedade.
O médico capitalista não atende por que a sociedade precisa, mas por que ele
precisa dela para justamente estar acima dela. Triste!
Mas ai tem sempre aqueles que
ainda não compreenderam a ideia de socialismo e perguntam o porquê de o governo
pagar para o governo cubano o salário que só depois é repassado aos médicos que
estão aqui no Brasil. Ora isso é o socialismo, a divisão de riquezas entre
todos. Se os profissionais são formados pelo Estado, e no Estado não existe o
privado, apenas o social, estes vem ao Brasil como serviço exportado pelo
Estado em solidariedade com os povos que carecem destes serviços. O governo
então recebe os seus salários lhes paga como médicos cubanos e compartilha com
a sociedade que os formou, e lhes deu uma profissão o restante da verba que o
governo brasileiro lhes oferece. Mas ainda há os que dirão que Cuba vive uma
ditadura e que vive em miséria.
Ora quem somos nós pra falar
em ditadura. Nós que depois de pouco mais de vinte anos de retorno a
“democracia” ainda não somos reféns do capital. Nosso sistema eleitora é piada,
temos mais de 70% de nossos parlamentares eleitos a custa do interesse de
grandes corporações que em nada se preocupam com o interesse da população. Nós
somos reféns do capital. Se Cuba não é ainda o perfeito modelo de socialismo, é
uma sociedade sem berrantes desigualdades sociais. Sem analfabetos, com
baixíssimos índices de mortalidade infantil e com índice de desenvolvimento
humano superior a de países considerados desenvolvidos.
É preciso que se explique o
porquê de Cuba não estar melhor ainda em sua situação econômica e social, e
isso se explica com apenas duas palavras: embargo econômico.
A ilha sofre desde a década de
60 com as mazelas que as restrições, financeiras, econômica e principalmente
comerciais impostas pelos vizinhos estadunidenses. Esta é uma questão que se
estende degradando o povo cubano e subestimando sua soberania de nação
independente e infringe os direitos de não intervenção e não interferência em
seus assuntos internos. Cuba é obrigada a se render aos caprichos do
capitalismo estrangeiros, que já lhes causaram desde 2005 mais de 90 bilhões de
dólares de prejuízo, valor este que poderia ter sido dividido a todo povo
cubano.
É fácil pra quem esta de fora,
ou acostumado a se dobrar perante os interesses do capital criticar um povo que
se preocupa com o vizinho que esta ao lado. É triste também vermos alguns, pois
não creio que sejam todos, médicos brasileiros envergonharem seu país quando
colocam seus interesses econômicos diante do bem comum e mesmo se recusando a
ir para as localidades mais longínquas torcem o nariz quando o governo busca
alternativas como a criação de universidades, cursos e traz de profissionais de
fora.
Hermanos desculpem essas pessoas que tanto tem a aprender com Cuba e seu
povo. Médicos cubanos sejam muito bem vindos.
Rômulo Vargas
Que Paulo Sant’Ana que se atenha ao futebol
O ministro Celso de Mello , do STF, vem sendo pressionado
pela mídia em geral na tentativa de que mude seu voto com relação aos embargos
infringentes, garantia constitucional de
defesa dos réus. A nada imparcial revista veja (da Abril, cujo
bicheiro Carlinhos Cachoeira era um dos seus ‘editores’ informais) chegou a
ameaçar de fazer sua ‘crucificação’.
Nenhuma surpresa.
Mas o que me chamou a atenção nesta manhã de segunda-feira,
16, foi o posicionamento do jornalista
Paulo Sant’Ana em sua coluna no
Zero Hora. O dito cujo critica duramente a possibilidade de um voto favorável
aos réus do decano da Suprema
Corte. Sant’Ana, famoso como critico
futebolístico da RBS, não destoa,
portanto, da linha dos seus patrões globais e diz que a 'honra
da mais importante corte do país é que será maculada’, caso se confirme a
defesa dos embargos infringentes que o decano no início do julgamento já
manifestou apoiar.
Ora ora, senhor Paulo Sant’Ana! O
que macula mesmo a imagem da
Corte (STF) é o fato desta abrigar ministros histéricos como Gilmar Mendes (aquele que, na
calada da noite, concedeu habeas-corpus para o banqueiro Dantas e para o médico estuprador Roger Abdelmassih que, depois,
aproveitou a ‘benesse’ e escapuliu do Brasil).
Maculará também o STF
se este chegar ao extremo de restringir
o direito de defesa dos réus, de acusar e condenar sem provas e de se deixar influenciar por setores
conservadores e golpistas da mídia (aliás,
os mesmos setores que vieram a público esta semana reconhecer que
'erraram' ao defender o golpe militar de
1964).
É interessante observarmos que se necessitou de mais de 7
anos de julgamento, mais de 50 mil páginas, vários laudos e auditorias e não se
conseguiu ainda nenhuma prova concreta, substancial, contundente sobre o dito
esquema de compra de votos no Congresso, denunciado por Roberto Jefferson
(PTB), o mesmo que desqualificou sua afirmação várias vezes depois de
proferi-la.
Convém observarmos também a diferença de tratamento dado a
casos muito semelhantes. O mensalão
mineiro (PSDB), muito mais antigo do que o que está sendo
julgado agora, foi desmembrado, recurso
que beneficia réus sem direito a foro privilegiado, dando a condição de estes
recorrerem a outras instâncias. Já no julgamento da AP 470, com o objetivo claro de atingir
o PT, o mesmo não foi desmembrado pelo
STF. Dois pesos, duas medidas.
Sr. Sant’Ana, muito
mais desonroso ao STF é vermos em nossos dias um julgamento de exceção, onde os
réus, por motivação política, têm tido dificultado o direito constitucional ao
contraditório, a ampla defesa e, por fim, ao Duplo Grau de Jurisdição, base dos direitos da defesa em qualquer outro
país que cultue uma tradição democrática
e humanista.
O que se vê é que o que incomoda as elites e os setores da
velha mídia é que eles apelam para o jogo sujo em todas as áreas,
uma vez que não suportam a possibilidade
de um governo Popular e Democrático ser reeleito pela terceira vez, indo para
seu quarto mandato a frente do país, e tendo como principio a distribuição de
renda e a geração de empregos, bem como o acesso a ensino superior a todos e
saúde como direito universal. Isso incomoda quem sempre gostou de ir pedir
migalhar com pires nas mãos aos Estados Unidos.
E não é diferente o ponto de vista desse comentarista
esportivo, assalariado da RBS, que as vezes se aventura – e se equivoca - a comentar política e ações judiciais como
fez em sua coluna de hoje, deixando a desejar em todos os aspectos.
Essa, pelo visto, não é ‘sua praia‘. O jornalista Paulo
Sant'Ana escrever esse tipo de coisa, isso sim,
é uma barbaridade!
Rômulo Vargas
16.09.13 Publicado na mesma data no Blog O Boqueirão Online.
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