sábado, 21 de setembro de 2013

Mais Médicos, Cuba, socialismo e embargos.

É desumano o que se vem acompanhando sobre o ingresso de profissionais cubanos, que trabalharão como médicos em regiões longínquas do Brasil. Para compreender bem o Programa Mais Médicos do Governo Federal, é preciso se debruçar um pouco mais sobre ele, e também sobre o sistema de governo da ilha.         
Não podemos negar que faltam muitos profissionais da medicina em nosso país, e faltam ainda mais nas regiões mais inóspitas do país. Não podemos negar que há um conselho de medicina que restringe a abertura de novos cursos e novas universidades, o mesmo conselho que vem agora rechaçar a vinda de médicos do exterior. É sim do exterior, eles não vem apenas de Cuba. Analisando a fundo este é um grande passo para o nosso sistema de saúde. Grande não apensa por trazer para cá mais profissionais que estão dispostos a ir aos mais distantes grotões, favelas e florestas que este continental país apresenta. Grande pois são médicos, e ai me refiro aos formados em Cuba, dedicados a atender essa população que os nossos profissionais nativos rejeitaram.
Precisamos entender ademais outro ponto importante e que referenda ainda mais os doutores da ilha caribenha. Como Cuba é uma ilha socialista, livre do privado, e que não coloca o capital em primeiro lugar, temos toda uma estrutura governamental, acadêmica, e profissional diferente da que conhecemos aqui. Cuba forma profissionais para atender ao povo pobre, para ir aos bairros, as favelas, aos confins. Forma profissional para ir às casas, para sentar a mesa, pra atender gente e ser gente. Forma profissionais preparados para trabalhar pelo estado, para a população, não para estabelecerem consultórios particulares e enriquecerem a custa da saúde alheia.
Ainda há que se analisar outra questão importante. O sistema de saúde cubano, um dos melhores do mundo, preocupa-se prioritariamente com o atendimento preventivo. Diferentemente do que conhecemos os médicos cubanos são preparados para tratar as complicações com tratamentos definitivos, e não como na sociedade capitalista que se preocupa em cuidar dos sintomas, abranda-los e medica-los, para que o paciente volte a ter que consumir medicamentos, ou então tenha que retornar aos consultórios para tratar o mesmo problema ou um novo originário do tratamento que foi aplicado para tratar o primeiro. Ora, a indústria farmacêutica não pode quebrar, ela precisa sempre de novos e novos pacientes. Assim como os médicos para manterem seus consultórios particulares e assim seus status na alta sociedade. O médico capitalista não atende por que a sociedade precisa, mas por que ele precisa dela para justamente estar acima dela. Triste!
Mas ai tem sempre aqueles que ainda não compreenderam a ideia de socialismo e perguntam o porquê de o governo pagar para o governo cubano o salário que só depois é repassado aos médicos que estão aqui no Brasil. Ora isso é o socialismo, a divisão de riquezas entre todos. Se os profissionais são formados pelo Estado, e no Estado não existe o privado, apenas o social, estes vem ao Brasil como serviço exportado pelo Estado em solidariedade com os povos que carecem destes serviços. O governo então recebe os seus salários lhes paga como médicos cubanos e compartilha com a sociedade que os formou, e lhes deu uma profissão o restante da verba que o governo brasileiro lhes oferece. Mas ainda há os que dirão que Cuba vive uma ditadura e que vive em miséria.
Ora quem somos nós pra falar em ditadura. Nós que depois de pouco mais de vinte anos de retorno a “democracia” ainda não somos reféns do capital. Nosso sistema eleitora é piada, temos mais de 70% de nossos parlamentares eleitos a custa do interesse de grandes corporações que em nada se preocupam com o interesse da população. Nós somos reféns do capital. Se Cuba não é ainda o perfeito modelo de socialismo, é uma sociedade sem berrantes desigualdades sociais. Sem analfabetos, com baixíssimos índices de mortalidade infantil e com índice de desenvolvimento humano superior a de países considerados desenvolvidos.
É preciso que se explique o porquê de Cuba não estar melhor ainda em sua situação econômica e social, e isso se explica com apenas duas palavras: embargo econômico.
A ilha sofre desde a década de 60 com as mazelas que as restrições, financeiras, econômica e principalmente comerciais impostas pelos vizinhos estadunidenses. Esta é uma questão que se estende degradando o povo cubano e subestimando sua soberania de nação independente e infringe os direitos de não intervenção e não interferência em seus assuntos internos. Cuba é obrigada a se render aos caprichos do capitalismo estrangeiros, que já lhes causaram desde 2005 mais de 90 bilhões de dólares de prejuízo, valor este que poderia ter sido dividido a todo povo cubano. 

É fácil pra quem esta de fora, ou acostumado a se dobrar perante os interesses do capital criticar um povo que se preocupa com o vizinho que esta ao lado. É triste também vermos alguns, pois não creio que sejam todos, médicos brasileiros envergonharem seu país quando colocam seus interesses econômicos diante do bem comum e mesmo se recusando a ir para as localidades mais longínquas torcem o nariz quando o governo busca alternativas como a criação de universidades, cursos e traz de profissionais de fora. 

Hermanos desculpem essas pessoas que tanto tem a aprender com Cuba e seu povo. Médicos cubanos sejam muito bem vindos.

Rômulo Vargas

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